2008/02/18


O ALENTEJO

Palavra mágica que começa no Além e termina no Tejo, o rio da portugalidade. O rio que divide e une Portugal e que à semelhança do Homem Português, fugiu de Espanha à procura do mar.
O Alentejo molda o carácter de um homem. A solidão e a quietude da planície dão-lhe a espiritualidade, a tranquilidade e a paciência do monge; as amplitudes térmicas e a agressividade da charneca dão-lhe a resistência física, a rusticidade, a coragem e o temperamento do guerreiro. Não é alentejano quem quer. Ser alentejano não é um dote, é um dom. Não se nasce alentejano, é-se alentejano.
Portugal nasceu no Norte mas foi no Alentejo que se fez Homem. Guimarães é o berço da Nacionalidade, Évora é o berço do Império Português. Não foi por acaso que D. João II se teve de refugiar em Évora para descobrir a Índia. No meio das montanhas e das serras um homem tem as vistas curtas; só no coração do Alentejo, um homem consegue ver ao longe.
Mas foi preciso Bartolomeu Dias regressar ao reino depois de dobrar o Cabo das Tormentas, sem conseguir chegar à Índia para D. João II perceber que só o costado de um alentejano conseguia suportar com o peso de um empreendimento daquele vulto. Aquilo que para o homem comum fica muito longe, para um alentejano fica já ali. Para um alentejano não há longe, nem distância porque só um alentejano percebe intuitivamente que a vida não é uma corrida de velocidade, mas uma corrida de resistência onde a tartaruga leva sempre a melhor sobre a lebre.
Foi, por esta razão, que D. Manuel decidiu entregar a chefia da armada decisiva a Vasco da Gama. Mais de dois anos no mar... E, quando regressou, ao perguntar-lhe se a Índia era longe, Vasco da Gama respondeu: «Não, é já ali.». O fim do mundo, afinal, ficava ao virar da esquina.
Para um alentejano, o caminho faz-se caminhando e só é longe o sítio onde não se chega em parar de andar. E Vasco da Gama limitou-se a continuar a andar onde Bartolomeu Dias tinha parado.
O problema de Portugal é precisamente este: muitos Bartolomeu Dias e poucos Vasco da Gama. Demasiada gente que não consegue terminar o que começa, que desiste quando a glória está perto e o mais difícil já foi feito. Ou seja, muitos portugueses e poucos alentejanos.
D. Nuno Álvares Pereira, aliás, já tinha percebido isso. Caso contrário, não teria partido tão confiante para Aljubarrota. D. Nuno sabia bem que uma batalha não se decide pela quantidade mas pela qualidade dos combatentes. É certo que o Rei de Castela contava com um poderoso exército composto por espanhóis e portugueses, mas o Mestre de Avis tinha a vantagem de contar com meia-dúzia de alentejanos. Não se estranha, assim, a resposta de D. Nuno aos seus irmãos, quando o tentaram convencer a mudar de campo com o argumento da desproporção numérica: «Vocês são muitos? O que é que isso interessa se os alentejanos estão do nosso lado?»
Mas os alentejanos não servem só as grandes causas, nem servem só para as grandes guerras. Não há como um alentejano para desfrutar plenamente dos mais simples prazeres da vida. Por isso, se diz que Deus fez a mulher para ser a companheira do homem. Mas, depois, teve de fazer os alentejanos para que as mulheres também tivessem algum prazer. Na cama e na mesa, um alentejano nunca tem pressa.
Daí a resposta de Eva a Adão quando este, intrigado, lhe perguntou o que é que o alentejano tinha que ele não tinha: «Tem tempo e tu tens pressa.» Quem anda sempre a correr, não chega a lado nenhum.
E muito menos ao coração de uma mulher. Andar a correr é um problema que os alentejanos, graças a Deus, não têm. Até porque os alentejanos e o Alentejo foram feitos ao sétimo dia, precisamente o dia que Deus tirou para descansar. *
E até nas anedotas, os alentejanos revelam a sua superioridade humana e intelectual. Os brancos contam anedotas dos pretos, os brasileiros dos portugueses, os franceses dos argelinos... só os alentejanos contam e inventam anedotas sobre si próprios. E divertem-se imenso, ao mesmo tempo que servem de espelho a quem as ouve.
Mas para que uma pessoa se ria de si própria não basta ser ridícula porque ridículos todos somos. É necessário ter sentido de humor. Só que isso é um extra só disponível nos seres humanos topo de gama.
Não se confunda, no entanto, sentido de humor com alarvice. O sentido de humor é um dom da inteligência; a alarvice é o tique da gente bronca e mesquinha. Enquanto o alarve se diverte com as desgraças alheias, quem tem sentido de humor ri-se de si próprio. Não há maior honra do que ser objecto de uma boa gargalhada. O sentido de humor humaniza as pessoas, enquanto a alarvice diminui-as. Se Hitler e Estaline se rissem de si próprios, nunca teriam sido as bestas que foram.
E as anedotas alentejanas são autênticas pérolas de humor: curtas, incisivas, inteligentes e desconcertantes, revelando um sentido de observação, um sentido crítico e um poder de síntese notáveis. Não resisto a contar a minha anedota preferida. Num dia em que chovia muito, o revisor do comboio entrou numa carruagem onde só havia um passageiro. Por sinal, um alentejano que estava todo molhado, em virtude de estar sentado num lugar junto a uma janela aberta. «Ó amigo, por que é que não fecha a janela?», perguntou-lhe o revisor.
«Isso queria eu, mas a janela está estragada.», respondeu o alentejano. «Então por que é que não troca de lugar?» «Eu trocar, trocava... mas com quem?»
Como bom alentejano que me prezo de ser, deixei o melhor para o fim. O Alentejo, como todos sabemos, é o único sítio do mundo onde não é castigo uma pessoa ficar a pão e água. Água é aquilo por que qualquer alentejano anseia. E o pão... Mas há melhor iguaria do que o pão alentejano? O pão alentejano come-se com tudo e com nada. É aperitivo, refeição e sobremesa. E é o único pão do mundo que não tem pressa de ser comido. É tão bom no primeiro dia como no dia seguinte ou no fim da semana. Só quem come o pão alentejano está habilitado para entender o mistério da fé. Comê-lo faz-nos subir ao Céu! É por tudo isto que, sempre que passeio pela charneca numa noite quente de verão ou sinto no rosto o frio cortante das manhãs de Inverno, dou graças a Deus por ser alentejano. Que maior bênção poderia um homem almejar?
Desconheço, o autor do texto, mas é certamente de alguém que sente o Alentejo como eu... e não sou Alentejano...

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2008/02/17


DORBraga anuncia Festa da Alegria 2008

Assinala-se este ano o 30º aniversário da primeira edição da Festa da Alegria.
Comemorar os trinta anos após a primeira edição, não é apenas um mero resgisto cronológico de um acontecimento marcante na nossa região. É comemorar o arrojo de um pequeno grupo, que há época num distrito mais triste e cinzento, ousaram sonhar a Alegria de muitos, e de tantos outros militantes comunistas, mas também homens, mulheres e jovens sem partido que depressa se associaram a este sonho transformando-o em realidade. Impossível diziam uns, empreitada difícil diziam outros, mas que encontrou neste enorme colectivo, o PCP, as forças e a alegria necessárias para que o sonho ganhasse forma, cor, cheiro, sabor, e vida! Assim nasceu a Festa da Alegria.
Trinta anos depois, não podiamos deixar de homenagear esta capacidade de sonhar e de transformar. E que maneira melhor haveria se não levar a cabo a realização este ano da sua 15º edição! Nos dias 19 e 20 de Julho a Alegria está de volta ao Parque de Exposições de Braga.
Por apenas 12.50€, toda a gente (nomeadamente os milhares de portugueses que devido à carestia de vida não poderão este ano usufruir de merecidas férias, mas eventualmente de um fim de semana), poderá visitar o Parque de Exposições de Braga, onde terá acesso a um vasto e variado programa musical, com alguns dos nomes mais prestigiados da musica portuguesa, do rock, do folk, da musica tradicional, etc. Poderá ainda participar em debates sobre alguns dos temas de grande actualidade política e cultural, ver e apreciar um significativo conjunto de exposições, mas não só. À sua disposição na Festa haverá ainda, uma grande feira do livro e do disco. Poderão encontrar nos espaços de outras organizações regionais, que de norte a sul marcam presença nesta 15º edição, o artesanato, a gastronomia, os vinhos e petiscos de cada região.
Comicio é ponto alto!
Ou seja, este ano, a exemplo das anteriores edições, a Festa irá constituir o maior acontecimento Político-Cultural da região, concentrando um largo e diversificado conjunto de iniciativas Político-Culturais.
No plano político, o ponto alto da Festa será, como sempre, o comicío no domingo ao final da tarde, com a participação do Secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa. Na verdade, não se pode deixar de associar a Festa da Alegria 2008 a uma conjuntura política que, na região, é caracterizada por uma crescente intervenção e afirmação do PCP. Seja pela sua presença destacada na luta social e de massas contra o encerramento e destruíção de serviços públicos e contra a política anti-social e anti-democrática conduzida pelo Governo PS/Sócrates, que atinge brutalmente trabalhadores, reformados, jovens e população em geral. Seja pela sua intervenção nas instituições, designadamente na Assembleia da Républica onde a actividade do deputado Comunista eleito pelo Distrito de Braga, Agostinho Lopes, é considerada insubstítuivel e sem comparação com a dos outros 17 eleitos no distrito.
Com novo alento , rejuvenescida e com forças renovadas, nos dias 19 e 20 de Julho a Festa da Alegria está de volta! Festa popular, profundamente ligada às tradições e costumes minhotos, que tem no convívio alegre e caloroso o seu maior atractivo.
Uma festa para todos!

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Funcionário Público …
O QUE OS ESPERA ...

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