2007/04/13

ATÉ AMANHÃ CAMARADA ODETE....

Mais um ciclo terminou, outro se inicia... mas uma certeza tenho, será sempre a nossa ODETE





Maria ODETE dos SANTOS

Advogada
Presidente da Assembleia Municipal de Setúbal.
Membro do MDM.
Membro da Direcção de Organização Regional de Setúbal e do Comité Central do PCP

Deputada na II, III, IV, V, VI,VII, VIII, IX e X Legislatura

Apreciada pelo Presidente da República com a Medalha de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique

Nasceu em Pega, Guarda, a 26 de Abril de 1941, viveu em Alpiarça e depois em Setúbal, círculo eleitoral pelo qual foi eleita deputada. Formou-se em Direito e foi a experiência de muitos anos de advocacia que lhe ensinou o «rigor jurídico» que lhe reconhece o deputado e vice-presidente da Assembleia da República António Filipe.

Entrou na Assembleia da República em 1980, eleita pelo círculo de Setúbal, mas desde 1974 que já estava ligada ao poder local, desempenhando cargos de vereadora e na Assembleia Municipal do seu concelho.

Parlamento rende-se à «irreverência» de Odete

2007/04/12 | 18:58

O Parlamento rendeu-se esta quinta-feira em peso «à irreverência» da deputada Odete Santos, que interveio pela última vez no plenário com palavras de despedida que a emocionaram e que suscitaram os aplausos de pé de todas as bancadas, noticia a agência Lusa.

O tema da sua declaração política no período antes da ordem do dia, uma intervenção muito crítica sobre os novos diplomas do Governo na área da Justiça, acabou por ser «abafado» pela circunstância de ser o último plenário em que participou.

Já no final da intervenção, e depois de ter dito que não haveria de chorar, Odete Santos emocionou-se quando se dirigiu em particular à bancada do PCP, a quem agradeceu «os mandatos e a aprendizagem de mais de 26 anos» e de quem se despediu com o inevitável «Até amanhã, camaradas», um dos mais conhecidos livros de Álvaro Cunhal.

Como se tratava de «um dia especial», nas palavras do presidente da Assembleia da República, Jaime Gama suspendeu a contagem do tempo para Odete Santos poder falar sem restrições.

«Mas chegou a hora de pôr termo a esta intervenção, e, consequentemente, a uma actividade, que não profissão, política, de mais de 26 anos. (...) Se vou ter saudades deste trabalho? Mesmo de violentos debates em que me vi envolvida não raras vezes? É claro que vou sentir saudades (...) mas também tenho saudades do futuro», afirmou.

No final, Odete Santos foi aplaudida de pé por todas as bancadas, incluindo a do CDS-PP, apesar das hesitações de alguns dos seus deputados.

A primeira bancada a usar do direito a um pedido de esclarecimento foi a do PSD. O deputado Montalvão Machado, colega de Odete Santos na comissão de Assuntos Constitucionais, elogiou a «irreverência e a juventude» de Odete Santos que considerou «a imagem da frontalidade».

O líder parlamentar do PS, Alberto Martins, afirmou o «grande apreço» pessoal e da bancada e assegurou a identificação do PS com as preocupações de Odete Santos na área dos Direitos Fundamentais.

Do lado do BE, o líder parlamentar Luís Fazenda saudou a «marca inconfundível» de Odete Santos, afirmando concordar com a «antecipação do debate que há-de haver sobre a deriva securitária do PS na Justiça».

Na sessão, que durou perto de uma hora e à qual assistiu a secretária-geral da Assembleia da República, Adelina Sá Carvalho, até Jaime Gama teve direito a um longo aplauso depois de ter homenageado a deputada Odete Santos, considerando que «deu um grande contributo ao Parlamento português».

Depois de mais umas palavras e picardias com a bancada do CDS-PP e com o ministro dos Assuntos Parlamentares, «gostaria que as palavras do Governo também tivessem asas mas nem sempre têm», Odete Santos saiu do plenário.

http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=797090&div_id=291

2007/04/11

Sócrates 1

Nasceu em Atenas, provavelmente no ano de 470 a.C., e tornou-se um dos principais pensadores da Grécia Antiga.

Alguns exemplos dos tópicos explorados por Sócrates são: O que é o belo? O que é justo? O que é injusto? O que é coragem? O que é ser nobre? O que é vergonha? O papel da música na vida? Poesia? Guerra? Autocontrole? Desejos humanos? Prazer? Excesso? Luxúria?

Não foi muito bem aceito por parte da aristocracia grega, pois defendia algumas ideias contrárias ao funcionamento da sociedade na época. Criticou muitos aspectos da cultura grega, afirmando que muitas tradições, crenças religiosas e costumes não ajudavam no desenvolvimento intelectual dos cidadãos gregos. ( Wikipédia)

Sócrates 2

Nasceu em Belém. Médico. Homem de esquerda, integrante de movimentos de luta pela liberdade e democracia no seu país. Conhecido também por Doutor, foi um exímio jogador de futebol, um dos símbolos do futebol-arte, com muitas prestações ao serviço da selecção brasileira.

Sócrates 3

Secretário-geral do Partido Socialista. Primeiro-ministro. É conhecido por continuar uma política de interesse para o grande capital e estimulado pela "coragem" com que prejudica os trabalhadores do seu país. Todo o barulho à volta das suas habilitações académicas não desviará os trabalhadores da defesa dos seus direitos e das lutas em curso.

2007/04/10

Que significa hoje ser escritor comunista?

Que significa hoje ser escritor comunista? À margem das distinções mais ou menos subtis que poderíamos fazer entre ser-se um escritor comunista e um comunista escritor (não é certamente o mesmo, por exemplo, ser-se jornalista comunista e comunista jornalista...), creio que a pergunta não vai dirigida ao alvo que mais importa. Pelo menos em minha opinião. Tiremos o escritor e perguntemos simplesmente: Que significa ser hoje comunista? Desmoronou-se a União Soviética, forma arrastadas na queda as denominadas democracias populares, a China histórica mudou menos do que se julga, a Coreia do Norte é uma farsa trágica, as mãos dos Estados Unidos continuam a apertar o pescoço de Cuba... Ainda é possível, nesta situação, ser-se comunista? Penso que sim. Com a condição, reconheço que nada materialista, de que não se perca o estado de espírito.

Ser-se comunista ou ser-se socialista é, além de tudo o mais, e tanto como ou ainda mais importante que o resto, um estado de espírito. Neste sentido, foi Ieltsin alguma vez comunista? Foi-o alguma vez Estaline? A epígrafe que pus em Objecto Quase, tirada de A Sagrada Família, contém e explica de modo claro e definitivo o que estou a tentar exprimir. Dizem Marx e Engels: "Se o homem é formado pelas circunstâncias, é necessário formar as circunstâncias humanamente". Está aqui tudo. Só um "estado de espírito comunista" pode ter presente, como regra de pensamento e de conduta, estas palavras. Em todas as circunstâncias."

José Saramago, Público, 10 de Outubro de 1998

2007/04/04

Fidel, 80 anos
por Frei Betto*

Houvesse uma fábrica de produtos lúdicos destinados ao mercado político, talvez "Onde está Wally?" ganhasse a versão "Onde está a esquerda?"Uma parcela da esquerda sente-se vexada porque não é tão ética quanto propala; outra, porque o socialismo faliu, excepto em Cuba. Na Coreia do Norte predomina um regime totalitário e, na China, o capitalismo de Estado.

As carpideiras da falência do socialismo não se perguntam por suas causas nem denunciam o fracasso do capitalismo para os 2/3 da humanidade que, segundo a ONU, vivem abaixo da linha da pobreza. Assim, abraçam o neoliberalismo sem culpa. E o adornam com o eufemismo de "democracia", embora ele acentue a desigualdade mundial e negue valores e direitos humanos cultivando a idolatria do dinheiro e das armas.


O que é ser de esquerda? Todos os conceitos académicos -ideológicos, partidários e doutrinários são palavras ocas frente à definição de que ser de esquerda é defender o direito dos pobres, ainda que aparentemente eles não tenham razão. Por isso causa arrepio ver quem se diz de esquerda aliar-se à direita. Fidel é um homem de esquerda. Não fez, entre 1956 e 1959, uma revolução para implantar o socialismo. Motivou-o livrar Cuba da ditadura de Batista, resgatar a independência do país e libertar o povo da miséria. Em visita aos EUA logo após a tomada do poder, foi ovacionado nas avenidas de Nova York.


A elite cubana resistiu a ceder os anéis para que toda a população tivesse dedos. Apoiada pela Casa Branca, instaurou o terror, empenhada em deter as reformas agrárias e urbana e a campanha nacional de alfabetização. Kennedy, festejado como baluarte da democracia, enviou 10 mil mercenários para invadir Cuba pela Baía dos Porcos, em 1961. Foram derrotados. E a Revolução, para se defender, não teve alternativa senão aliar-se à União Soviética. Cuba é o único país da América Latina que logrou universalizar a justiça social. Toda a população de 11 milhões de habitantes goza dos direitos de acesso gratuito à saúde e à educação, o que mereceu elogios do papa João Paulo II em sua viagem à Ilha, em 1998.


Seria o paraíso? Para quem vive na miséria em nossos países -e são tantos a cidadania dos cubanos é invejável. Para quem é classe média, Cuba é o purgatório; para quem é rico, o inferno. Só suporta viver na Ilha quem tem consciência solidária e sabe pensar em si pela óptica dos direitos colectivos. Ou alguém conhece um cubano que deu as costas à Revolução para, em outra parte do mundo, defender os pobres?


No trajecto do aeroporto de Havana ao centro da cidade há um outdoor com o retrato de uma criança sorrindo e a frase: "Esta noite 200 milhões de crianças dormirão nas ruas do mundo. Nenhuma delas é cubana." Algum outro país do Continente merece semelhante cartaz à porta de entrada? A simples menção da palavra Cuba provoca arrepios nos espíritos reaccionários. Cobram da Ilha democracia, como se isso que predomina em nossos países -corrupção, nepotismo, malversação- fosse modelo de alguma coisa. Ora, por que não exigem que, primeiro, o governo dos EUA deixe de profanar o Direito internacional e suspenda o bloqueio e feche seu campo de concentração em Guantánamo?


Protesta-se contra os fuzilamentos da Revolução, e faço coro, pois sou contrário à pena de morte. Mas cadê os protestos contra a pena de morte nos EUA e o fuzilamento sumário praticado no Brasil por policiais militares? Cuba é, hoje, o país com maior número de médicos e bailarinos de balé clássico por habitante. E desenvolve um programa para atender, nos próximos 10 anos, 6 milhões de latino-americanos com deficiência visual - gratuitamente. Fidel está recolhido ao hospital. O que acontecerá quando morrer, ele que sobrevive a uma dezena de presidentes dos EUA e a 47 anos de esforços terroristas da CIA para eliminá-lo? O bom humor dos cubanos tem a resposta na ponta da língua: "Como pessoas civilizadas, primeiro trataremos de enterrar o Comandante". Mas será que o socialismo descerá à tumba com o seu caixão?


Tudo indica que Cuba prepara-se para o período pós-Fidel. O que não significa que, como esperam os cubanos de Miami, isso ocorrerá em breve. Em Novembro, na Universidade de Havana, o líder revolucionário advertiu que a Revolução pode ser vítima de seus próprios erros e deixou no ar uma indagação: "Quando os veteranos desaparecerem, o que fazer e como fazer?"
Às vésperas de seu aniversário, a 13 de Agosto, Fidel já começa a expressar seu testamento politico. A maioria dos membros do Birô Político do Partido Comunista tem de 40 a 50 anos, e cada vez mais jovens são chamados a ocupar funções estratégicas. Como 70% da população nasceu no período revolucionário, não há indícios de anseio popular pela volta ao capitalismo. Cuba não quer como futuro o presente de tantas nações latino-americanas, onde a opulência convive com o narcotráfico, a miséria, o desemprego e o sucateamento da saúde e da educação.

Feliz idade e pronta recuperação, Comandante.
Frei BettoTeólogo y escritor brasileño


Bush: quatro anos de horror
por La Jornada


Hoje, quatro anos atrás, em Bagdad, o governo de George W. Bush lançou os primeiros bombardeamentos de uma guerra que agora parece interminável. Horas depois, o ainda presidente dos Estados Unidos repetiu numa cadeia de televisão as mentiras sobre as armas iraquianas de destruição maciça e sobre a suposta "ameaça iminente" que estas representavam para a superpotência, prometeu que abreviaria a duração do conflito mediante a aplicação da "força decisiva", comprometeu-se a "proteger do perigo os civis e inocentes" e advertiu: "não aceitaremos outro resultado senão a vitória".
O momento fora precedido por meses prévios de campanhas de intoxicação da opinião pública — na qual os meios informativos estado-unidenses desempenharam um triste papel como transmissores entusiastas da torpe propaganda oficial —, pressões e chantagens a numerosos governos para que se unissem à agressão e meses de diplomacia imperial que não conseguiram obter a aprovação da ONU para a aventura bélica.
Em contrapartida, dezenas de milhões de pessoas em todos os continentes haviam-se manifestado de múltiplas maneiras para denunciar as razões económicas e geopolíticas da invasão do Iraque e para impedir uma guerra que teria de ser imoral, ilegal, criminosa e desastrosa: imoral, porque era justificada por falsidades; ilegal, porque infringia o direito internacional; criminosa, porque augurava o assassínio de milhares de pessoas; e desastrosa, porque geraria uma catástrofe institucional, económica e humana no país atacado e colocaria os atacantes num beco sem saída.
Os promotores da guerra não quiseram escutar as razões esgrimidas pelo que provavelmente foi o maior movimento anti-bélico da história mundial. Bush conseguiu o apoio de Tony Blair, da Inglaterra, além do apoio dos governantes de então na Espanha e Itália, José Maria Aznar e Sílvio Berlusconi, e os três conluiaram-se para disfarçar a incursão de rapina neocolonical como empreendimento democratizante, de segurança e até de direitos humanos. A princípio, a derrota do regime de Saddam Hussein pareceu fácil.
Os invasores conseguiram, ao fim de umas poucas semanas de combates, entrar em Bagdad, e em Maio Bush, a bordo de um porta-aviões ancorado no Golfo Pérsico, anunciou o fim dos combates. Desde então até esta data as autoridades ocupantes mataram dezenas de milhares de civis iraquianos, perderam uns 3500 efectivos, mas de 23 mil invasores foram feridos e o governo de Bush gastou centenas de milhares de milhões de dólares dos contribuintes na destruição do Iraque e na consumação de sumarentos negócios para as empresas do círculo presidencial. A Casa Branca chegou a extremos de degradação como os que exibiram as fotos de Abu Ghraib e como os que descrevem os testemunhos sobre o inferno de Guantánamo.
A dizimada população do país invadido padece uma anarquia generalizada, uma violência quotidiana quase indescritível, taxas de desemprego escandalosas, carência de comida, hospitais, luz, água, escolas, comunicações e outros serviços básicos e, sobretudo, uma desesperança nacional facilmente explicável. Aznar e Berlusconi foram expulsos do poder pelos eleitorados dos seus respectivos países e Blair é um cadáver político em funções.
Quanto a Bush, encurralado por um legislativo adverso e pela reprovação crescente e já maioritária da cidadania, aferra-se à intensificação da violência bélica, talvez com a esperança de que um aprofundamento das confrontações étnicas que padece o Iraque contemporâneo possa esgrimir-se como pretexto justificatório para perpetuar a ocupação. Além disso, o poder político, económico, militar e diplomático de Washington no mundo declinou neste quatriénio de forma perceptível e talvez irremediável.
Os únicos que ganharam algo nesta guerra são, por um lado, os accionistas da Haliburton e outras corporações que prosperam com a destruição e o sofrimento humano e, pelo outro, os sectores islâmicos terroristas que conseguiram no Iraque arrasado um viveiro de novos quadros e um campo de operações com o qual nem podiam sonhar nos tempos do executado Saddam Hussein. Fora destas duas instâncias, nestes quatro anos de horror o resto do mundo perdeu segurança, legalidade, tolerância, certeza e civilização.

20/Março/2007